Em um mundo em constante busca por ideias disruptivas, a tecnologia digital e a economia criativa tem cada vez mais espaço. Duas palavras parecem ganhar destaque: Invenção e Inovação.

Usadas muitas vezes como sinônimos, essas palavras têm conceitos diferentes. Compreendê-los é fundamental para aplicar a invenção e a inovação no dia a dia.

 O que é uma invenção?

A invenção é o resultado de um processo criativo que não tem necessariamente um objetivo comercial definido. Muitas vezes, a invenção acontece quase por acaso: na pesquisa e busca por uma solução, você pode se deparar com um novo projeto ou produto. Na definição de Mario Sérgio Salerno, coordenador do Laboratório de Gestão e Inovação do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP, a invenção “pode ou não ter aplicabilidade financeira, mas sempre é um construto (ou objeto), método ou algoritmo, algo que não existia antes”

Assim, apesar de a inovação ser uma característica importante de toda invenção, se difere dela em sua concepção. Podemos definir invenção como:

– A descoberta de algo novo;
– Uma ideia que encontra na prática a solução de um problema;
– Ser ou estar ligada a um produto ou processo;
– Ser resguardada por mecanismos de proteção de propriedade intelectual;
– Não ter, necessariamente, objetivo comercial.

Definição de inovação

Em tempos de empreendedorismo de palco, a palavra inovação tornou-se um clichê. No entanto, a inovação é uma constante em nosso cotidiano, cada vez mais acelerado. Diferindo da invenção, a inovação tem por objetivo um fim comercial. Mas, claro, não se resume a isso.

Inovar é ver novas aplicações para invenções, tecnologias, produtos ou processos já existentes e extrair lucro a partir deste novo uso. A Lei de Inovação Federal (Lei 10.973/04) define o termo da seguinte forma:

“introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo e social que resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que compreenda a agregação de novas funcionalidades ou características a produto, serviço ou processo já existente que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho de qualidade ou desempenho;”

Assim, podemos ver que existem dois pontos principais que distinguem a inovação da invenção. O primeiro é que a inovação precisa gerar resultado prático. O segundo é ter uma aplicação estratégica e um valor de todo o investimento reconhecido pelos seus clientes.

Porque é importante inovar

A Kodak era a maior fabricante de filmes fotográficos do mundo. Quando as primeiras câmeras digitais surgiram, a empresa não se sentiu ameaçada. Mas essas câmeras evoluíram, tornaram-se acessíveis em valor e em usabilidade, passaram a fazer parte dos telefones celulares e, com isso, as câmaras de filme ficaram obsoletas (apesar de ainda serem usadas para fins artísticos ou como ode a nostalgia). Já tendo sido uma das maiores empresas de inovação do mundo, a Kodak morreu como marca por demorar demais a aceitar a inovação em seu mercado.

Inovar é se antecipar e liderar mudanças, nos colocando a frente dos concorrentes e acima das expectativas dos clientes, ganhando vantagem. Ao oferecer um produto ou serviço melhor e mais eficiente, conseguiremos melhor resposta do público e, consequentemente, melhor retorno do investimento. Outras vantagens da inovação são:

– Crescimento sustentável: ao estabelecer uma rotina de inovação, as empresas estabelecem também um crescimento sustentável que enxerga os desafios como oportunidades.

– Liderança de mercado e fortalecimento da marca: ao se adiantar e liderar mudanças, as empresas também passam a estar na frente dos segmentos que trabalham. Como consequência, a marca passa a ser mais lembrada e torna-se referência de mercado.

– Equipes motivadas: quando as dificuldades são encaradas como desafios, as equipes sentem-se estimuladas a encontrar novas soluções.

– Atração de talentos: equipes motivadas, marca lembrada no mercado, atitudes que se adiantam a tendências. Essa combinação acaba por atrair novos talentos, formando uma equipe mais qualificada para a empresa.

Desafios de inovar

Apesar de todos esses benefícios, inovar não é exatamente simples. Não há uma fórmula pronta que leve a inovação e a concorrência está tão em busca da próxima nova onda quanto você. Então, antes de partir para uma estratégia de inovação é importante pesar alguns pontos.

Inovar é arriscado

Inovar é sair da zona de conforto e enfrentar o desconhecido. Isso significa errar algumas vezes, escorregar outras e não conseguir respostas com a mesma facilidade de processos já conhecidos. Mas não inovar pode ser mais arriscado, como mostra o exemplo da Kodak. Estar atento as oportunidades e encarar os desafios como chances de reinvenção pode ser crucial para a sobrevivência das empresas.

Distância entre pesquisa e mercados

Entre os principais desafios da inovação está a falta de comunicação entre esses dois polos. Enquanto espaços de pesquisa desenvolvem técnicas e produtos inovadores sem conseguirem aplicá-los ao mercado, o mercado se debate com a falta de informação e conhecimento. Superar essa distância e ampliar este diálogo é fundamental para dar vazão a capacidade de inovação.

Inovação e produtividade

Ainda somos muito focados em produtividade e a inovação demanda tempo para gerar a entrega. Por isso, é necessário entender a orientação a produtividade como investimento e compreender que o resultado pode demorar a chegar, mas terá efeitos positivos para a produtividade e para a empresa como um todo.

Aprender a valorizar o erro

Se inovar é correr riscos, o erro está presente no processo. Aprender com o erro, recalcular a rota rapidamente e encontrar uma nova solução são partes da dinâmica de inovação. Para isso, é preciso criar um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para se arriscar e errar.

Inovação sustentadora e inovação disruptiva

Segundo Clayton Christensen, é possível criar uma inovação sustentadora ou disruptiva. A sustentadora seria uma tecnologia que acaba em um produto ou serviço melhor. Já a disruptiva “traz um novo conjunto de atributos que permitem ao produto ser usado de uma maneira diferente dos que existiam antes”.

Com a disrupção, necessidades que antes não eram atendidas ou eram com alto custo, passam a ser atendidas a custo acessível. Entre exemplos de disrupção, podemos citar o computador pessoal e a internet. Em um âmbito mais simples, serviços como Uber e AirBnb também se encontram nesta categoria. É importante ter em mente que as inovações disruptivas, não apenas melhoram a maneira de fazer alguma coisa, mas realmente reinventam as maneiras de fazer essas coisas.

#Partiu, inovação!

Orientar sua empresa para a inovação é uma necessidade. Mesmo que você não queira se tornar uma referência de tecnologia, para acompanhar o mercado é necessário rever o mindset e estar pronto para as mudanças e adaptações cada vez mais rápidas impostas por esse mundo digital.

Neste caminho, muitas transformações podem acontecer e alguns percalços podem se apresentar. O risco de ficar parado, no entanto, é desaparecer em meio a empresas que estão se movimentando, mudando e transformando o mundo a cada momento. E você não vai querer ficar para trás. Vai?

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