No que você pensa quando escuta nomes como David Bowie, Madonna, Beatles, Michael Jackson? Se você pensou em música, shows, polêmicas, você está certo. Mas há muito mais por trás desses nomes do que boas canções e destaque no showbiz. Por trás de toda carreira artística de sucesso, existe uma gestão de marca poderosa e as empresas podem aprender muito com isso.

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O começo de tudo

Os Beatles eram uma pequena banda de Liverpool, formada por garotos da chamada working class. A princípio, eles tocavam covers de canções de sucesso. Eles demoraram a ser contratados por uma gravadora e só depois de passar muito perrengue tocando no Cavern Club e em Amsterdam, conseguiram fama e uma carreira sólida.

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O quarteto de Liverpool foi responsável por muitas mudanças na área de entretenimento. A primeira foi a mudança de centro de irradiação da cultura: até a explosão dos Beatles, todo o mercado de entretenimento estava focado nos Estados Unidos. Eles também foram a primeira banda que alcançou o sucesso a compor e gravar suas próprias músicas. E geraram um barulho tão grande em torno de si que superaram as supercelebridades de então: Elvis Presley e Frank Sinatra.

A partir desse sucesso, o parâmetro de realização das bandas e artistas mudou muito, assim como a gestão de carreiras dos músicos pelas gravadoras também foi totalmente alterada. Percebeu-se que, mais do que discos e shows, o artista em si era um produto. A contribuição da banda inglesa para a indústria cultural vai muito além da música. Até hoje, a marca Beatles se espalha em roupas, acessórios, discos, filmes, games e o que mais você possa imaginar.

Supercelebridades camaleônicas

David Bowie nasceu na mesma Inglaterra que os 4 rapazes de Liverpool (Será? Entre as muitas lendas em torno do ídolo, existe a de que ele seria um extraterrestre) e já dentro desta nova cultura industrial. Antenado em tudo que acontecia no meio artístico, Bowie sempre buscou estar perto daquilo que acreditava que seria a próxima onda. Moldou sua identidade mesclando referências sólidas e esteve sempre um passo a frente da próxima moda. Polêmico, instigante, provocador, David Bowie é, antes de tudo, uma marca. Lançou moda, atuou em diversos filmes e transformou a própria morte em um espetáculo comovente. Com direitos de franchising para objetos de moda e discos por lançar pelos próximos anos, até depois da morte o astro continua brilhando.

Em uma Nova York ainda decadente, num hiato entre a invenção da cultura punk e a reconstrução da cidade, uma jovem Madonna Louise Veronica Ciccone buscava parceiros para se inventar como estrela. Focada em uma carreira artística, Madonna se envolveu com diversos nomes da cena artística de Nova York antes de virar a grande estrela que se tornou. Ícone pop, a cantora tem o respeito de artistas de outras cenas, como a banda alternativa Sonic Youth, que gravou um disco em homenagem a primeira fase da cantora.

Assim como Bowie, Madonna conseguiu se reinventar e ser fiel a si e ao seu público ao mesmo tempo. Seus 38 anos de carreira são cheios de reconhecimentos e sua base de fãs é fidelíssima. A própria artista se descreve como business woman e detém o controle de todas as etapas de seus discos e shows. No clipe Bitch, I’m Madonna, ela reuniu ícones pop de outras gerações provando que não tem medo nenhum da concorrência e que, prestes a fazer 60 anos, não tem nenhuma intenção de dar um tempo nos negócios.

Lady Gaga, Anitta e as lições sobre branding e posicionamento

Lady Gaga começou a se apresentar publicamente em 2003 e em 2008 explodiu no universo pop. Seu álbum de estreia, The Fame, apresentou-nos uma celebridade excêntrica, com figurinos exóticos que ganhou o coração dos LGBTQ+. The Fame e seu sucessor Born This Way foram grandes sucessos de público e crítica.

No entanto, uma vida constantemente nos holofotes e agenda intensa da artista acabou por deixa-la, literalmente, doente. Gaga teve que cancelar shows e sair de cena por um tempo. Quando retornou com o álbum ArtPop teve uma péssima recepção e encerrou precocemente suas ações de divulgação. Parecia o fim de mais uma efêmera artista pop. Mas a americana se reinventou.

Para dar a volta por cima, Lady Gaga aproveitou sua bela voz e seu talento no piano para gravar clássicos do jazz, acompanhada de Tony Bennett. Apresentou uma nova faceta, sem abandonar sua essência. Manteve-se sempre em contato próximo com seus fãs – os Little Monsters – e mostrou que era muito mais que excentricidade. Atuou na série American Horror Story, pela qual ganhou um Emmy. Encantou o mundo inteiro com sua apresentação no Super Bowl. Agora, lançou um documentário sobre sua carreira, mostrando seu lado família e abrindo mais uma forma de contato com os fãs. Todo esse reposicionamento sem deixar de ser a Monster Mother que sempre agradou seus fãs: meninos e meninas que viram na estranha celebridade de 2008 alguém para se espelhar e brilhar.

Anitta e o branding digital

Anitta surgiu em 2013 com a canção Show das Poderosas. Funkeira, ela parecia destinada a um super hit e o sumiço subsequente. Mas nestes quatro anos, Anitta vem gerindo a marca Anitta com mão de ferro e conseguindo resultados surpreendentes.

Para além do funk e das polêmicas com Valeska Popozuda, a cantora se associou com diversos outros artistas de diferentes segmentos. No Brasil, gravou com Simone e Simaria, Pablo Vittar, MC Guimê, Projota, passeando por diversos estilos. Criou um show para crianças, adaptado para o público infantil, garantindo um público futuro e agradando mães que sofrem com poucas opções de entretenimento. Focando no exterior, fez parcerias com Major Lazer, Maluma, Poor Bear e Iggy Azalea.

Enquanto isso, associava o lançamento de seus singles com ótimos clipes, precedidos de ações e parcerias com marcas de diferentes produtos. Sua presença digital é fortíssima. Seu clipe Paradinha desbancou até o fenômeno Despacito em número de views no Youtube. Reforçando tudo isso, seus fãs fazer vídeos ensinando suas coreografias e aumentando o número de views, se não para o seu canal, então para a sua marca.

Enquanto isso, sua agenda de shows permanece lotada, com uma média de 20 shows por mês. Anitta é onipresente e até a crítica mais alternativa já deu o braço a torcer e admitiu que ela é hoje, possivelmente, nosso maior fenômeno pop.

O que as marcas podem aprender com as celebridades

Vivemos em um mundo de super informação. Se destacar nesse cenário é uma tarefa difícil, principalmente porque os meios mudam rápido e nem sempre é possível acompanhar. Todas essas celebridades tem algumas características em comum:

Core Values definido: apesar de se reinventarem constantemente, todas as celebridades que citamos aqui conheciam perfeitamente a essência de seu produto. Mesmo se recriando, essa essência foi sempre respeitada e estava no cerne de todas as ações.

Presença: os Beatles faziam show a exaustão. Anitta está presente em todos os meios, físicos e digitais. Saber onde estar presente sem saturar sua marca é uma qualidade única e distinguível.

(Re) Posicionamento: Madonna saiu de celebridade sexy para a supermãe que escreve livros infantis. Bowie teve tantas faces que é difícil descrever. Lady Gaga mostrou diversas facetas em menos de dez anos. Reconhecer que o momento de se reposicionar está chegando e se adiantar a ele, surpreendendo a crítica e o público, é um grande trunfo em um mercado competitivo.

Parcerias: Nem todos que estão no mesmo mercado que você são seus concorrentes. Algumas parcerias podem ser frutíferas e abrir portas não imaginadas. Descobrir com quem e quais nichos é possível se associar pode ampliar o seu público e dar a sua empresa uma imagem quase indestrutível.

Agora que você chegou até aqui, pare e reflita: se sua marca fosse uma banda, qual seria e por quê?

DIGIA_ Você seguiria sua marca nas redes sociais?