Em tempos difíceis para vários mercados, a integridade das marcas é posta à prova. Vendo a sua sobrevivência sob pressão, algumas empresas acabam prometendo mais do que conseguem entregar, ou entregando menos pelo mesmo. Se esquecem de olhar para o médio prazo, em que esse tipo de ação causa à marca um prejuízo muito maior que a vantagem financeira de ludibriar o consumidor. Da substituição obscura de ingredientes num restaurante até uma taxa surpresa na sua fatura, a cultura do golpe no meio digital está por toda parte.

Manobras ilegais na web

O site darkpatterns.org lista algumas manobras ilegais da web, como a Forced Continuity, em que o usuário de uma versão de teste se torna pagante automaticamente sem o aviso adequado, e o Friend Spam, em que uma empresa usa sua conta social para divulgar produtos aos seus amigos, como se fosse você.

Algumas pequenas corrupções são tentadoras. Importar uma base de e-mails para um sistema de newsletter sem ter tido nenhum contato prévio com aquelas pessoas, por exemplo. Sabemos que não é certo, mas será que funciona?

Estudos recentes dizem que não. Além de mascarar suas estatísticas, essas táticas suicidas comprovadamente não criam novos clientes, mas sim detratores da marca, que disseminam uma imagem negativa difícil de apagar.

Não por acaso, o ReclameAqui, principal voz dos consumidores insatisfeitos na internet brasileira, recebe cerca de 600 mil consultas por dia. E causou rebuliço nas redes sociais ao publicar sua campanha publicitária “Dia da Vingança”, que daria o troco nas empresas com pior serviço:

Cabe uma nota: nossa crise de confiança é tão grande que até a veracidade da própria campanha foi amplamente questionada.

Conteúdo irresponsável: um dos cânceres da web 3.0

Uma linha tênue entre o marketing bem feito e a irresponsabilidade está no marketing de conteúdo. Quem nunca clicou para ler “7 dicas infalíveis para perder peso”, ou “5 segredos de produtividade que todo gerente de marketing deveria saber”? E pior, ao abrir o post, se deparou com um conteúdo que de nada ajudou, e que contribui para uma internet cada vez mais intelectualmente vazia.

Ansiosas por gerar tráfego e capturar cliques, muitas marcas sucumbem a estratégia de um conteúdo barato – no sentido ruim da palavra. Publicar com frequência é importante, mas atratividade e qualidade jamais foram excludentes. É possível ser útil e agradável ao mesmo tempo.

Numa visão mais ampla, o conteúdo não deve estar conectado somente ao que o consumidor se interessa, mas também ao propósito da marca. Deve refletir a cultura, isto é, os valores dos quais você não abre mão, independente da situação econômica. Ter uma cultura empresarial forte é o verdadeiro teste de integridade das marcas de hoje.

Então, aqui vai uma pergunta simples para testar a honestidade de sua estratégia: se todos os anunciantes resolvessem fazer a mesma coisa, seria possível continuar vivendo neste planeta?

DIGIA_ Você seguiria sua marca nas redes sociais?