Se você assistiu ao documentário O Dilema das Redes, na Netflix, provavelmente ficou impactado com o modelo de negócios por trás de plataformas como Instagram, Google, YouTube e Facebook. As redes sociais ocupam uma parcela cada vez maior das nossas 24 horas diárias.

Cada brasileiro passa cerca de quatro horas por dia em redes sociais, segundo pesquisa da empresa britânica GlobalWebIndex. O Brasil só perde para as Filipinas no ranking dos maiores mercados de internet do mundo.

Pesquisas também mostram como as plataformas digitais podem ser viciantes, manipulando nosso subconsciente para que continuemos conectados. Afinal, o lucro de empresas como o Facebook vem da visualização de anúncios. Quanto mais o usuário fica preso aos conteúdos das redes, mais anúncios serão exibidos.

Frente aos riscos de passar tanto tempo exposto a uma quantidade excessiva de estímulos e informações, uma nova tendência está se popularizando. É o slow content, um movimento que propõe desacelerar na hora de produzir e consumir conteúdo on-line. Neste artigo, reunimos tudo que você precisa saber sobre slow content e dicas para começar a sua dieta de conteúdo!

O que significa slow content?

Você já deve ter ouvido falar do slow living, um movimento que propõe vivermos a vida em um ritmo diferente, ou do slow food, uma contraproposta às redes de fast food americanas. O slow content surge nessa mesma tendência global (slow blogging, slow fashion e tantas outras) de buscar mais qualidade de vida.

Slow content (conteúdo lento, em inglês) é um movimento que convida criadores e consumidores de conteúdo a reduzirem a velocidade, por um conteúdo com mais qualidade, propósito, significado e com menos excessos.

Para produtores de conteúdo e adeptos do marketing digital, isso significa que você não precisa fazer 15 posts para falar do que poderia ser dito em cinco. É uma proposta que parece complicada, já que a competição pela atenção do público está cada vez mais acirrada. A quantidade de perfis, influenciadores, marcas e empresas nas redes sociais aumenta a cada dia e as plataformas não entregam seu conteúdo a 100% da sua base de fãs.

No entanto, a ideia do slow content é que você não vai precisar brigar pela atenção do público se o seu conteúdo for relevante de verdade para quem consome. Em vez de publicar 10 artigos no seu blog iguais ao que todo mundo está publicando, que tal escrever um só que traga impacto e que contribua para que o leitor tenha mais qualidade de vida?

Texto em fundo laranja explicando o significado do termo slow content ou conteúdo lento em inglês

Conteúdo de qualidade

No marketing digital, é comum acreditar que quanto mais conteúdo produzirmos, mais resultado (e vendas) vamos ter. Entretanto, as pessoas estão ficando saturadas. Quando você envia um e-mail todos os dias para seus leads, existe a possibilidade de que ele fique incomodado e denuncie como spam.

> Leia também: e-mail marketing ainda funciona?

O movimento também propõe que os consumidores sejam mais seletivos e abram mão da tentativa de ler e saber sobre tudo, ou acompanhar as redes durante muito tempo, para ver apenas aquilo que é realmente relevante e seguir, apenas, fontes cuidadosamente selecionadas. Por isso, a adequação, por parte dos produtores de conteúdo, seria uma mudança que também atenderia às novas necessidades do público.

A era da infoxicação

Há quem se sinta em uma verdadeira infoxicação, sendo bombardeado com um excesso de posts, e-mails, vídeos e artigos o tempo todo. A infoxicação é uma expressão criada pelo físico espanhol Alfons Cornellá, em 1996, pela combinação de “informação” e “intoxicação”, para se referir aos sintomas que sentimos quando recebemos muito mais informações e estímulos diários do que somos capazes de processar.

> Leia também: sua marca precisa estar ao vivo nas redes sociais?

Isso causa ansiedade, estresse, irritação, etc. Os sintomas também incluem a dificuldade de se concentrar e o aparecimento da síndrome da fadiga informativa.

Texto em fundo laranja explicando o significado do termo infoxicação

Se isso já era real em 1996, quando a palavra foi utilizada pela primeira vez, hoje, com as redes sociais, os estímulos que recebemos aumentaram exponencialmente. Uma pessoa vê mais de 5 mil marcas por dia e mais de 360 anúncios. Segundo esta pesquisa, da empresa Squid, o Instagram deixa 78% dos influenciadores ansiosos.

Como O Dilema das Redes deixa bem claro, o excesso de exposição ao mundo perfeito das redes sociais pode fazer com que as pessoas se sintam mal consigo mesmas, afetadas pelo F.O.M.O. (fear of missing out) e pelo F.O.P.O. (fear of other people’s opinions).

Personagem do documentário O dilema das redes, da Netflix, que fala sobre a era da infoxicação e deixa um convite para o slow content

>> Leia também: a cultura do cancelamento e o F.O.P.O.

Cinco dicas para começar a dieta do conteúdo

Existem alimentos que fornecem energia e uma série de nutrientes para o nosso organismo funcionar bem, enquanto outros são só excesso de calorias e componentes industrializados que não precisamos, mas comemos porque é mais rápido, mais barato ou mais fácil.

Quando pensamos em consumo de informação e conteúdo, a lógica é a mesma. Se queremos mais qualidade de vida, é natural que comecemos a buscar mais qualidade e menos quantidade nos alimentos, nas roupas e na informação.

O que fazer para ignorar o desnecessário e se alimentar de informações úteis e conteúdo de qualidade? Confira cinco dicas para começar a dieta de conteúdo e fazer escolhas melhores.

 

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Existem alimentos que fornecem energia e uma série de nutrientes para o nosso organismo funcionar bem, enquanto outros são só excesso de calorias e componentes industrializados que não precisamos, mas comemos porque é mais rápido, mais barato ou mais fácil. Quando pensamos em consumo de informação e conteúdo, a lógica é a mesma. O que fazer para ignorar o desnecessário e se alimentar de informações úteis e conteúdo de qualidade? Passe para o lado e confira cinco dicas para começar a dieta do conteúdo e fazer escolhas melhores. Qual delas você consegue colocar em prática agora? #calebe_ #borndigital #dietadoconteudo #slowcontent #infoxicação #slowposting #slowliving #fearofpostingonline #FOPO

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1. Identifique suas prioridades.

Quais temas e assuntos são importantes para você? Quais não são, ou quais podem ser deixados para depois?

2. Descarte os excessos.

Ao ver um post ou abrir um e-mail, passe a se perguntar: esse conteúdo entregou algum valor para mim? Se não, rode a roleta do unfollow sem dó.

3. Valorize seu tempo.

Defina quantas horas você quer dedicar, por dia, para consumir conteúdo on-line. Use e abuse dos apps que bloqueiam as redes, das configurações do celular e do modo silencioso para alcançar essa meta.

4. Siga os curadores certos.

Se você não tem tempo para fazer uma boa curadoria do conteúdo, encontre quem faça isso como você gostaria. Pode ser uma newsletter de recomendações, por exemplo. Fuja da curadoria feita pelos robôs.

“Pessoas são mais interessantes que algoritmos.”

Noah Brier, co-fundador da Variance

5. Seja um autocurador.

Separe as fontes de informações que você confia e recomendaria para seus amigos, das que você não gostaria de receber como indicação.

Como consumidor de conteúdo on-line, quais dessas dicas você consegue começar a colocar em prática agora? Como produtor, que tal começar a produzir conteúdo com mais propósito? Nós sabemos como começar.

DIGIA_ Você seguiria sua marca nas redes sociais?