No início da pandemia do coronavírus, falamos sobre os desafios que empresas enfrentariam para navegar pela crise, com enfoque na gestão de marca. Agora, vamos falar sobre os desafios para atender as necessidades do consumidor neste momento de mudança de hábitos.

De acordo com a Euromonitor International, empresa britânica de pesquisa de mercado, a economia global está entrando na sua pior recessão desde 1930. As pessoas estão reavaliando suas prioridades e critérios de gastos. Espera-se que a mudança na mentalidade seja duradoura e se estenda muito depois da crise. Mas que nova mentalidade é essa?

Um aumento da preocupação com a saúde física e com a renda é fácil de constatar. Há também o fortalecimento da noção do lar como o centro de tudo, inclusive do lazer e do trabalho. Os níveis crescentes de ansiedade sobre o futuro estão fazendo com que os consumidores se preocupem mais com a saúde mental. 

Neste artigo, vamos apresentar as seis principais mudanças na mentalidade dos consumidores provocadas pelo coronavírus, segundo os resultados encontrados pela Euromonitor International nas pesquisas feitas durante a pandemia. 

1) Para além da sustentabilidade: negócios com propósito

No novo normal pós-coronavírus, sustentabilidade significa mais do que ética ambiental. É esperado que as empresas, seus produtos e serviços sejam capazes de criar valor social, ambiental e econômico ao mesmo tempo. 

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Isso significa que estão sendo mais valorizados os negócios que têm um propósito para existir que vá além do simples objetivo de gerar lucro. Essa mudança já estava acontecendo antes da pandemia. O que a crise de saúde fez foi acelerar o processo.

Neste cenário, o posicionamento de marca é mais importante do que nunca. Afinal, é por meio da marca que as empresas se diferenciam no mercado e ressaltam valores como transparência e segurança. 

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2) Hometainment e o consumo de experiências

Como tivemos que ficar em casa por mais tempo, procuramos ainda mais alternativas para nos entreter e informar evitando aglomerações e espaços públicos.

O hometainment (home + entertainment) é um termo que surge para designar todos os produtos e serviços comercializados com a finalidade de oferecer uma experiência diferenciada ao consumidor em sua própria casa. Clubes de assinaturas que enviam um produto por mês para a casa do assinante, como a TAG (livros), a Winebox (vinhos) e o Noize Record Club (discos de vinil) são exemplos. 

Outros exemplos são os serviços de streaming, que envolvem cada vez mais o consumidor, como o filme interativo de Black Mirror, Bandersnatch, lançado pela Netflix. Não podemos deixar de citar a indústria de videogames, a educação à distância e os cursos on-line. 

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Vale lembrar também que, durante o isolamento, as pessoas passaram a preparar mais as próprias refeições. Os cursos e experiências gastronômicas à distância são outra opção de entretenimento e educação em casa, facilitados pelo digital. Eles também estão alinhados com a tendência de uma preocupação maior com a saúde, uma vez que a comida preparada na hora é mais nutritiva que os processados e ultraprocessados dos supermercados e fast foods

As lives, principalmente musicais, que conquistaram o público logo no início da quarentena, também surgiram para oferecer o entretenimento à distância e pelas plataformas digitais. 

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3) O varejo on-line e a low touch economy

A pandemia acelerou a tendência do varejo on-line. É a era dos e-commerces, marketplaces e aplicativos de delivery. Muitas pessoas ainda preferem evitar o contato humano e saída de casa para consumir. 

Nós já falamos sobre a economia de pouco toque (low touch economy) neste artigo. A ideia é que, no novo normal, a tecnologia facilite novos formatos de dispor os produtos, efetuar pagamentos e entregas. 

4) Um novo significado para bem-estar

Outra mudança clara é que começamos a encarar a saúde de um ponto de vista mais holístico. Isso significa encarar e tratar todos os aspectos do corpo e da mente como fatores interligados. Alimentação, exercícios físicos, saúde mental e felicidade não podem mais estar dissociados. 

O que representa que produtos, serviços e atividades que promovem benefícios para o corpo e a mente como um todo estão cada vez mais populares, como a yoga, por exemplo.

Consumidores também procuram pelo bem-estar em outros produtos. A indústria de cosméticos associa, cada vez mais, beleza e saúde. Já na hora de viajar, o conforto e a segurança de um lugar ou experiência são mais valorizados.

5) O foco da inovação

O coronavírus está fazendo com que os consumidores aceitem correr menos riscos. Em meio a incerteza e insegurança, priorizamos gastos com produtos e serviços que já conhecemos e nos quais confiamos. Por isso, a inovação e a experimentação podem perder seu lugar em alguns mercados, a não ser que se voltem para a promoção da saúde e da imunidade das pessoas. 

Para a indústria de saúde, beleza e moda, inovar passa a significar encontrar fórmulas mais simples e com melhor custo-benefício para produzir o essencial. Para os mercados de bebidas e nutrição, a inovação será trazer ingredientes mais saudáveis e formas de replicar a experiência dos restaurantes em casa.

6) Correr riscos só pelo essencial

Por fim, a sexta mudança da mentalidade do consumidor é em relação ao que será considerado essencial e o que será dispensável. Ainda dentro da lógica de correr menos riscos, as pessoas estão refletindo mais sobre o que vale sair de casa ou gastar recursos para consumir e o que pode ser deixado para depois. 

É uma mudança provocada não só pelo receio de contrair a doença, mas também pela crise econômica, o aumento do desemprego e a incerteza quanto à renda no futuro. Na hora de gastar, a prioridade é a saúde. Em segundo lugar, vem o desejo de felicidade. Comprar só para ostentar está perdendo espaço. 

A previsão da Euromonitor International é que as despesas de consumo per capita caiam 5,2% em 2020. Elas só devem voltar aos níveis de 2019 em 2022. Neste cenário, negócios com propósito e com uma presença digital consolidada saem na frente. Quer saber mais sobre como a tecnologia está ajudando o varejo a se adequar ao novo normal? Confira aqui também no nosso blog!

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